Repensando os renováveis : Vale a pena "verde" perto esse processo
As formas de obtenção de energia escolhidas para suprir a demanda do desenvolvimento mundial a partir da revolução industrial até os dias atuais, sempre foram eleitas tendo como prioridade o que existia de mais viável financeira e estruturalmente, dispensando qualquer atenção à sustentabilidade ou respeito ao meio ambiente. Devido ao modelo de desenvolvimento ao qual estamos inseridos, que visa, sobretudo a produtividade e o lucro, temos como conseqüência, que se insere nesse contexto, casos de poluição, desmatamento, inundações, fragmentação das matas nativas, entre outros.
Com a possível escassez dos recursos fósseis (como o petróleo) e a exacerbada emissão de gases nocivos para a atmosfera, surgiu a necessidade de utilizar formas alternativas de obtenção de energia a fim de diminuir os impactos ambientais e o desequilíbrio do balanço térmico do planeta.
A partir disso, aumentou-se então o incentivo à utilização das Energias Renováveis, chamadas de fontes inesgotáveis, sendo as mais conhecidas: a energia solar, eólica, a hidroenergia e a biomassa. Como exemplo atual pode-se citar o que vêm ocorrendo na região nordeste do estado de São Paulo, assim como em Ribeirão Preto, que abriga uma grande extensão de canavicultura que em 2003 já ocupava aproximadamente 44% do território regional.
Essa expansão alcooleira teve início em 1973 com o surgimento do proálcool e a posterior demanda do mercado de combustíveis. A isso se soma a vitória do Brasil na organização mundial do comércio contra os subsídios europeu na exportação do açúcar e o advento dos carros bi-combustível. O álcool tornou-se uma opção cada vez melhor em detrimento dos combustíveis fósseis, considerando as preocupações a cerca do aquecimento mundial, pois como relatado em uma pesquisa da Embrapa, o álcool da cana-de-açúcar emite menos de 73% de dióxido de carbono do que a gasolina. Além disso, as culturas de cana nada interferem no balanço do ciclo dos gases estufa, ao contrário do que se pensa. Durante o período seco são realizadas queimadas que visam facilitar a colheita e durante o período chuvoso o crescimento da plantação fixa o carbono, garantindo não um saldo positivo, mas nulo, no final do processo (MIRANDA, E. E. de et al,1997).
O plantio da cana de açúcar, apesar de consumir relativamente menos recursos do ambiente em relação às antigas práticas agrícolas de baixa tecnologia, introduz também novos elementos causadores de desequilíbrios como herbicidas, fertilizantes e sais dentre outros.
Levando em consideração as Diretrizes Curriculares para os Cursos de Ciências Biológicas, espera-se que o formado em Biologia tenha algumas habilidades e competências desenvolvidas tais quais: “avaliar o impacto potencial ou real de novos conhecimentos / tecnologias / serviços e produtos resultantes da atividade profissional, considerando os aspectos éticos, sociais e epistemológicos; portar-se como educador, consciente de seu papel na formação de cidadãos, inclusive na perspectiva sócio-ambiental e pautar-se por princípios da ética democrática: responsabilidade social e ambiental, dignidade humana, direito à vida, justiça, respeito mútuo, participação, responsabilidade, diálogo e solidariedade”.
Devido à falta de discussão do tema é necessário refletir sobre o posicionamento do biólogo diante das conseqüências sócio-ambientais derivadas da mercantilização, não apenas dos recursos fósseis, mas também dos recursos naturais como um todo. Portanto, acreditamos ser de grande importância acadêmica fomentar o debate quanto à produção e utilização da energia, e se essas ocorrem de forma a atender as reais necessidades da sociedade.
Levando em consideração a influência que os biólogos e estudantes de biologia exercem neste contexto, é importante problematizar suas atuações no mercado de trabalho influenciado pelo financiamento das empresas detentoras de capital.
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